Notícias de Botequim

Um blog com notícias de desabafo e descarrego, postagens trivias e patéticas, indignações e ironias...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Nada é o melhor título!

É engraçado como quando ouvimos uma música, assistimos um filme, pescamos um comentário e sentimos como se fossem feitos e direcionados para nós mesmos em determinadas situações, ou ainda melhor, quando usam pensamentos e valores que batam com os nossos.
Quero em meio a tantas insanidades dar uma linha mais ou menos lógica na coisa toda...
Assisti o filme Na natureza selvagem, com direção do Sean Penn, com uma bela fotografia e uma trilha arrebatadora na voz do galã do Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam, (minha banda preferida na adolescência), bom, não farei uma crítica de cinema aqui, só quero aproveitar o link para devanear sobre uns pensamentos... Então para se situarem procurem uma crítica no Google falando sobre.
A idéia base, acredito eu, é a saturação individual da qual este mundo mais miserável que belo, nos proporciona e a maneira de encarar isto.
Quando eu era adolescente (e penso ainda ser) a febre agonizante das dores do mundo me atingiu em cheio... Escrevi no uniforme do colégio com caneta à prova d’água frases impactantes e de efeito, nesta mesma época fui meio-vegetariana por 1 ano e carregava com prazer um discurso pronto sobre a crueldade de se matar animais, sendo que eles eram amigos e não comida todo o blá blá blá que com certeza alguém já deve ter ouvido daqueles tão evoluídos (e os são mesmo) participantes BANDO DO VERDE, que comem com prazer hambúrgueres de soja como se fossem um belo bifão texano.
Com a moda do piercing não era diferente, eu não pude ficar de fora, tive dois e ainda mantenho um, me achava um máximo por tê-los! Na minha cabeça com eles ficava bem mais fácil para as pessoas, me definirem. Eu pensava com eles, ter como escrito na testa: Eu ando PUTA com essa merda de vida! Odeio as pessoas! Vamos falar sobre algo construtivo! Rs! E assim, como todo adolescente eu era insuportável para os meus pais (e para mais pessoas), assim como eles eram para mim. E como a maioria dos adolescentes eu queria ter minha própria identidade, ser diferente, não queria ser igual a ninguém, principalmente visualmente! Tirando tudo que é normal, até comum, e pode ser observado como negativo, quero ressaltar o mais importante, valioso e, talvez, a única lembrança que me faça sentir muita saudade de querer me sentir daquele jeito novamente hoje, que é a sensação de poder fazer tudo, de me dar conta que o mundo é pequeno demais para os meus anseios e não ter medo e nem desesperança quanto às realizações. Não sei se consigo sentir da mesma maneira intensa e radical, e sei que de todo não se esvaiu, mas, penso que se hoje, já um pouco mais madura, com os interesses de vida, a bagagem toda, mais aperfeiçoada e acumulativa somando com a disposição e falta de temor em excesso que eu tinha há anos atrás, tenho quase como absoluto que não sentiria o processo de estagnação que venho passando. Agiria mais, porém, seguiria refletindo de modo a alcançar o total desenvolvimento do processo (ação + pensar em conjunto).
O que eu sempre temi e continuo, é a entrega total e submissa às trevas deste mundo sofrido que habitamos e já me encontro com as canelas atoladas num montante de areia movediça.
Parece que com o tempo ficamos mais fracos e cansados não só de maneira física, mas, sim mental... Pensar nas coisas dá muito trabalho, lutar também e realizar sonhos que não constam no nosso script de vida, que praticamente recebemos com a certidão de nascimento, é mais que trabalhoso, é quase impossível.
Já temos a cartilha pronta, em geral, de como sermos bons filhos e sabemos também identificar os maus, de como estudar, o que estudar, onde estudar, em quantos anos devemos nos formar... Possuir a carteira nacional de habilitação após os 18, sabemos que queremos ter um carro, terminar a faculdade (para os que podem, não necessariamente os que querem e nem os que sabem o que estão fazendo, muito menos os que gostam), no meio disso, após as farras vividas, namorar com alguém bacana, que seja no íntimo e na real como os nossos pais, parafraseando o título da música de Belchior, daí temos que pensar em casar, ter casa e realizar umas outras vontades no meio deste caminho mas, que não são levadas a sério porque o caminho certo já está traçado, e a culpa não é só da cartilha que recebemos e atingem aos mais próximos do nosso ciclo de convivência, existem mais cartilhas produzidas e de alçadas maiores que nós mesmos, para não entrar no redemoinho que é capitalismo, socialismo e tchãnanãs, vamos ficar por aqui. Resumindo: vejo que o rumo natural da vida, é mais uma imposição, melhorando, uma obrigação. A cena de ratos de laboratório em seus tubos transparentes me vem à cabeça agora para ilustrar e justificar como analiso o caminho seguido por nós, generalizando claro, se não, não teríamos Che Guevara, Gandhi, Martin Luther King, Mandela, Beatles e toda a turma.
A cobrança é de todos os lados, se sua mãe não fica te questionando porque é que vc não tira a sua carta de habilitação, o vizinho, o seu amigo que acabou de tira - lá, a sua vó vão perguntar e, comentar depois talvez, o quão absurdo é vc ainda não possuí-la...
E quando os anos mais difíceis da adolescência parecem passar, o que percebo é que no geral, as pessoas querem ser cada vez mais parecidas umas com as outras, mantendo uma política conservadoríssima no estilo de vida, como se já tivéssemos cronologicamente a idéia e vivência dos mais velhos.
Sempre quis e continuo desejando ser alguém diferente e que possa fazer ao meu modo, tendo que sucumbir a minha verdadeira essência às vezes, por não enxergar ainda outra entrada, transformações benéficas no pedaço e insignificante talvez, espaço que ocupo.
Ver filmes como Na natureza selvagem, Edukators, Minha vida sem mim são reconfortantes porque me remetem a vontades e sonhos que não foram impostos, são livres e mais do que isso, não me deixam esquecê-los. Aprovadíssimo!
O mais duro é fazermos descobertas por nós mesmos, mas, acredito que nada é mais libertador fazendo ponte para o auto-conhecimento e transformação.

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